quarta-feira, 18 de junho de 2008

primeiro

Viver todos os dias cansa. E eu estou cansada. Como se passasse os dias inteiros desde que saio de casa até que volto a esbracejar qual naufrago a tentar lutar pela vida. Lutar por uma vida que me afoga. Não escrevo para ninguém. Escrevo para me tentar salvar, como se o computador fosse a minha bóia de salvação que me vai resgatar por breves momentos desta sensação de infinita tristeza que teima em não desaparecer. Um medo inexplicável inunda-me quando dou por mim a pensar nas razões desta infinita tristeza. Tenho família, tecto, conforto. Um marido que me ama. Amigos imperfeitos, porque a perfeição é uma chatice… e no entanto mesmo quando alguma coisa boa acontece lá está ela, a tristeza, a apontar-me do dedo. Lá está ele, o medo que não me deixa sorrir inteiramente quando algo de bom acontece no marasmo em que vivo. Todos os dias. Falta-me o ar. Falta-me coragem para sair de casa. Falta-me força para acordar de manhã e arranjar-me para enfrentar um novo naufrágio. Bela maneira de começar um blog…mas eu não escrevo para ninguém. Escrevo para ter onde me agarrar. Escrevo aquilo que não consigo dizer porque ninguém vai compreender. Porque tenho medo de me ouvir falar e tornar esta tristeza ainda maior, ainda mais funda.

PS: O nome deste blog é o título original de um livro de Pedro Paixão, um dos autores que recomendo.